A publicidade e a crise hídrica
por Augusto Fagundes
Desde que a crise hídrica se estabeleceu, o assunto não sai da TV. Não estou falando das extensas reportagens sobre o assunto, e sim dos intervalos comerciais.
Propagandas feitas exatamente para isso: informar e conscientizar o cidadão em suas atitudes, e que sente o drama no bolso.
As bandeiras tarifárias chegaram, e com elas a campanha estrelada pela atriz Taís Araujo ou também as ações da “Família Luz”, pipocam a todo instante na TV. (1)
Aproveitando a crise hídrica no Brasil, a Unilever entra no contexto ao inserir seu sabão em pó OMO com o discurso “economia”. Sim, até o sabão mais famoso do Brasil está preocupado com seus enxagues. (2)
Essa preocupação social é utilizada pelo YPÊ (plantando árvores pra você), há alguns anos já. Não era a falta d’água, mas a preservação das florestas a grande preocupação.
Vemos ainda a Colgate, com a adaptação de sua peça premiada em Cannes, para a realidade brasileira. Nela, uma torneira permanece aberta durante a escovação. (3)
Quem se mostra engajada também é a Globo, com a campanha “Menos é Mais”. O consumo consciente é o grande mote da peça. (4)
Interessante perceber que os gigantes da economia estão preocupados com o planeta. Quem sabe a “preocupação com o meio ambiente” desperte ainda mais a vontade de adquirir o produto. Afinal, responsabilidade social sempre é bem vista.
E cada marca consegue utilizar o problema como oportunidade para se aproximar de seu público. Porém outro ponto a destacar é que o maior consumidor de água no Brasil é o próprio setor industrial (72%) e de agronegócio (7%), e que o consumo humano representa apenas 9%. (5)