A propaganda e os protestos
por Augusto Fagundes
No último mês vimos a rede de alimentação Habib’s apoiando as manifestações pelo país. Algo inusitado, principalmente ao se envolver em um assunto polêmico: a política.
A marca fez questão de ressaltar que independente de posição partidária, apoia a democracia. E que seus espaços sempre foram “lugares democráticos”.
Para alguns especialistas, ao apoiar as manifestações, a marca entrou em um terreno perigoso: o da polarização. Afinal toda marca busca “servir” à todos, sem distinção.
Na análise destes especialistas também, toda empresa que apoie uma causa polêmica certifique-se para que não tenha “telhado de vidro” e avalie as possibilidades de rejeição e boicote por consumidores cada vez mais atentos a causas ideológicas.
Sem produzir vídeos para tv ou web, a companhia focou suas forças na #FOMEdeMUDANÇA com cartazes e broches distribuídos aos consumidores. (¹)
Em 2013, mais precisamente nas manifestações de junho, a Fiat se viu envolvida na polêmica dos protestos com a campanha “Vem Pra Rua”. Na época a campanha planejada para a Copa das Confederações se encaixou perfeitamente com o período vivido pelos brasileiros. Uma coincidência que viralizou com montagens na internet. (²)
Voltando um pouco mais no tempo, chegamos à campanha da Jeans Staroup (1988). (³)
Ao abordar o engajamento contra a ditadura militar, a marca reforçava o espírito rebelde e corajoso de seus consumidores e as características de seu produto.
A propaganda pensada por Washington Olivetto e que faturou o Leão de Ouro em Cannes, sofreria facilmente boicote caso exibida nos tempos do regime, e levantaria muitas discussões nos dias atuais.