Museu Nacional: a história do Brasil transformada em cinzas
Tentativa de conter o incêndio no Museu Nacional em 02 de setembro de 2018 (Foto: Reuters/Ricardo Moraes) |
Não foi uma fatalidade. Foi uma tragédia prevista!
Em maio de 2018, a instituição deveria receber o repasse de R$ 550 mil da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Nos últimos três anos, só recebe 60% desta verba. Além do reduzido orçamento, a cultura de valorização da história foi limitada. Muitos brasileiros desconhecem (e agora não conhecerão mais) a importância do tesouro que estava no Museu Nacional. Culpa esta dos governos "pão e circo", da cultura de baixa qualidade, da educação com baixo investimento.
Mediante a tragédia, em nota, o Ministério da Educação afirma que "não medirá esforços para auxiliar a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) no que for necessário para a recuperação desse nosso patrimônio histórico".
Depois de virar cinzas, não há recuperação! Não há "esforço medido" com um acervo transformado em pó. Estamos tratando de prejuízo cultural impossível de ser quantificado! Todos agora querem ser solidários, sejam com palavras, orçamentos milionários brotarão em uma eminente "recuperação". Para um país que só age depois da fatalidade, em mais palavras e menos ações, era de se esperar.
Em reportagem para o G1, os candidatos à Presidência da República comentaram a tragédia. Todos estarrecidos, em palavras de tristeza e dor. Que fique para a eles a responsabilidade de preservar o pouco que resta da nossa história, com valorização da cultura, fomentando na população, por meio de uma educação de qualidade, o amor e zêlo pela nossa história. Que o próximo governo e legislatura, ocorra uma revisão da política de gastos públicos e reformas urgentes.
Encerro este texto indignado, triste por ver a nossa história dissolvida pelo descaso. Que esta tragédia não caia no esquecimento e que seja um despertar de esperança em valor da nossa história. O tempo, infelizmente, respondeu.
texto de Dalmir Reis Jr.